quarta-feira, abril 04, 2007

História do Burro e do Ganso (continuação)

Um dia, estava o Burro, saboreando a erva fresquinha, recheada de mimosas, quando o Ganso disparou uma vez mais em alvoraçada correria e num alarido tal que o pobre Burro até se engasgou... Depois do primeiro sobressalto e já com a garganta limpa, questionava-se o Burro sobre o porquê de tal confusão!?
Ao fundo via o Ganso, junto à velha cerca meio arruinada, que já tinham sido saudáveis ramos de pinho, onde o aço deixou marcas, batendo as asas e grasnando, pulando doido de raiva.
O vento soprava ligeiro, trazendo os primeiros odores de Primavera, as flores, começavam a despontar, o Sol brilhava... porque raio, estaria o Ganso assim?
Indolentemente, o Burro aproximou-se e porque era mais alto, pode ver para além da cerca envolta na erva alta e dos espinhos que entretanto cresceram. Pelo velho caminho já coberto de erva, avançavam em coluna, carroças engalanadas e de cores garridas, o vento trazia já o som de sinos e badalos, alguns toques de flauta e cheiros... Odores picantes, estranhos para o Burro, algo diferente e indiferente para o Ganso que não parara ainda e acusava já a rouquidão num grasnar desafinado.
Cada vez mais perto, o Burro começava agora a ver por entre as árvores, as figuras de homens e mulheres acompanhando a coluna e criânças que corriam e gritavam, ao que parecia, divertidas.
O Burro, tentou em vão, acalmar o Ganso, mas de nada valeu, ele continuava igual a si mesmo.
Foi então que o Ganso, num esforço supremo e num bater de asas mais vigoroso, subindo no ar, acima da cerca, conseguiu ver...
Homens!!!!
Foi demais para ele. Correu, bateu as asas com um tal frenesim que até as folhas das árvores estremeceram, de uma ponta à outra da Quinta ele não parava. De repente como que numa súplica, ficou em frente ao Burro, batendo as asas e saltitando sobre cada pata, que por momentos o Burro, pensou ter vislumbrado uma lágrima. Seria isso??...
O Ganso começou então a correr para o seu refúgio no velho cais e lá ficou, súbitamente calado, ... Foi nessa altura que o Burro, presentiu algo nas suas costas e sacudindo os quartos traseiros, levantando-os, encolhendo as patas, os cascos selvagens retesados, disparou tal coice, que se em algo acertasse, de certeza que em dois o partia. E zurrava e coiceva uma e outra vez... (cont.)

quinta-feira, março 29, 2007

História do Burro e do Ganso

Era uma vez... (as histórias começam todas assim...).
O Burro, por ser burro, passou a vida zurrar, a zurrar, a zurrar e de tanto zurrar, viveu até aos cem anos a transportar pesadas cargas e comeu erva até dizer basta. O Ganso, tanto grasnou, de dia e de noite, que de tanto grasnar, mesmo afugentando estranhos, zangou o rendeiro e acabou na panela.


Esta, podia ser uma história de faz de conta, mas não é. Os intervinientes são veridicos e a Quinta existe ainda. Está longe da zona urbana. Num lugar calmo e isolado. Apenas os aviões comerciais que voam lá no alto, obrigando a esticar o pescoço e aguçar o olhar sob os traços brancos que deixa para trás, como um caminho que nos lembra o fim próximo.
A Quinta é bonita, a erva cresce linda e viçosa devido ao ribeiro que a atravessa e à húmidade das montanhas em cujo sopé se estende, grandiosa. Não existe nela uma casa. Há muito ruiu.
Estrondosamente. Apenas um estábulo em ruinas indica que ali em tempos, existiu algo mais.
O Burro, aproveitou bem esse espaço. Nele passa as noites mais frias, afinal não é assim tão burro. Anicha-se num cantinho bem ao seu geito e ali fica, zurrando de tempos a tempos, talvez para dizer ao Ganso que ali está e por certo, bem. O Ganso, esse, mais vivaço, aproveitou o ribeiro perto e no pequeno estrado que fazia de cais, onde o antigo rendeiro pescava de tempos a tempos uma carpa mais distraida, por debaixo fez a sua casa onde também ele nada burro, suportava as noites em que o ribeiro congelava. Por vezes, muitas por sinal, saia disparado como uma flecha, grasnando como louco, se algo de anormal presentia no seu raio de acção. A Quinta.
A Quinta era só sua. Ao Burro apenas consentia a sua presença, talvez por companhia, talvez por medo da solidão, por vezes alguma brincadeira e o seu zurrar, talvez por competição.
Um dia...

(continua)

sexta-feira, março 16, 2007

Espreitando...


Como uma ferida aberta, cujo sangue parou de correr,que lentamente, vai secando na carne dilacerada por espinhos que espreitam na orla do caminho, uma classe de homens vive cada momento dos seus dias...
Apenas a coragem de continuar o caminho, os faz mover. Já não há motivação. Os elos quebraram-se. Uma conjuntura se elevou no tempo e os resultados vão aparecendo. Uma abstinência de acções nada tem ajudado e os elos, um a um se vão quebrando, favorecendo lobbys.
Mas também há que lamentar os homens, que por estranha forma de ser parecem acomodados, ou algemados, ou amedrontados com tanta pressão que se limitam a sorrir à desventura, à chalaça...
Apenas um modo de deixar passar o tempo e de esperar que tudo se irá remediar um dia...
É preciso despertar.
É preciso não baixar os braços.
Mas quem, para liderar o movimento, se o movimento já não se lidera a si mesmo...
Também eu, já não acredito...

quinta-feira, março 15, 2007

ORIGENS...

...
É isto que me faz perder o folgo. Sentir que pertenço aqui.
Ouvir o som da água lambedo as pedras, sentir o cheiro das plantas, os sons que emanam do vento, beijando as ávores e a paz...
Momentos únicos na vida e que nos marcam. Há muito que não viajo por tais vales e sonho com eles. É como uma vitamina, um elixir de juventude, uma droga que vicia.

quarta-feira, março 14, 2007

TAL COMO AS ÁRVORES...

Talvez fosse preciso ouvir uma voz, que inundasse os meus silêncios, para que a vontade de escrever, se tornasse num trovão que anuncia a tempestade.
Como as árvores, agarradas á Terra, me agarro aos sonhos e ás fantasias com as quais eu cresço e cresci acalentando esperança.
Vejo hoje, num 1/2 século quase passado, como o corpo me trai o espirito.
Tenho vontades que não alcanço, desejos que não terei realizado, mas depois quando a tua voz se eleva, é como o grito que não gritei, como o brado que no peito se inflamou mas não queimou, mas quantas vezes intentou...
O meu Sol, é como as árvores que dele se alimenta, sentir que a Vida continua para além de mim. Que a terra que me sustem, sustem também, outras vidas pequenas que vão crescendo, e ve-las, é o bem maior.
Obrigado por essa visão que de outra forma eu não veria.
És como uma especiaria, que vinda de álem mar, trazes, o mistério e a audacia, os odores e as cores, a vontade indomável da juventude e da força para vencer. Espero que no ceú haja espaço para as cores que deixas no arco-irìs...

domingo, dezembro 17, 2006

É Natal...


Desejo a todos um Feliz Natal.
Um Natal de Esperânça, pois sendo a Esperânça, a coisa ultima a perder, que seja esta aquela que sempre temos para oferecer...

A todos, Feliz Natal.

Rui Mendes

terça-feira, novembro 28, 2006

-Não sei o quê...?


Um animal tão lindo.
Pena que esteja em vias de extinção.
Mesmo quando consegue algum protagonismo em programas como o Discovery ou o National Geografic, o "buraco do ozono" ou o aumento da população mundial precipita o seu desaparecimento.
A sua dignidade, o seu porte, o seu habitat e o seu modo de vida solitário é unico e por isso necessita de uma area grande para viver, de espaços de caça especificos.
Quando em cativeiro, a sua raça e o seu espirito orgulhoso, ficam debilitados.
Precisam de condições especificas, como a caça de que se alimenta, como as condições de floresta onde se insere e acima de tudo o respeito dos homens...

...não sei porquê, mas tudo isto, faz-me lembrar algo, não sei o quê?...